- Política econômica - Rumo ao menor juro da história do Copom

Heberth Xavier
Superavit
27/04

Mercado mantém expectativa de baixa da inflação e espera redução de 0,75 ponto na Selic, levando a taxa para 15%, a mais baixa desde a criação do Comitê de Política Monetária.

Apesar de acusado de conservadorismo excessivo e de brecar o ritmo de crescimento da economia brasileira, o Banco Central presidido por Henrique Meirelles deverá anunciar, daqui a 35 dias, uma boa notícia para quem toma dinheiro emprestado no Brasil – caso das empresas e dos consumidores, além do próprio governo. A taxa básica de juros (Selic), fixada a cada 45 dias pelo BC e que serve de referência para as demais taxas de financiamento e empréstimo praticadas no país, cairá para 15% ao ano, seu menor patamar desde que o Comitê de Política Monetária (Copom) foi criado para definir periodicamente a Selic.

O sinal verde para o nível histórico já foi dado pelo mercado financeiro. Segundo a pesquisa Focus, realizada pelo próprio BC a partir de entrevistas com analistas de bancos e empresas de consultoria, o Copom deve cortar a Selic em 0,75 ponto percentual em 31 do próximo mês, repetindo a mesma decisão tomada em sua reunião da semana passada. Com isso, os juros baixariam de 15,75% ao ano para 15%. Nunca, desde que o comitê foi criado, em 20 de junho de 1996, a Selic atingiu esse percentual. Atualmente, o patamar mínimo é o de 15,25% ao ano, alcançado em janeiro de 2001.

Nas últimas reuniões do Copom, as decisões sobre a Selic, invariavelmente seguiram as previsões do mercado. Na semana passada, por exemplo, a taxa foi cortada em 0,75 ponto, exatamente como previra a Focus. Para o fim deste ano, os analistas cravam 14% para a Selic.

A razão para o otimismo do mercado está na trajetória atual da inflação, de queda. Segundo a Focus divulgada ontem, a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 4,43% para 4,42% no intervalo de uma semana. É a terceira baixa seguida nas estimativas colhidas pelo BC. O presidente do BC já avisou, em repetidas ocasiões desde que tomou posse no cargo, em janeiro de 2003, que o Copom baliza suas decisões sobre juros observando a trajetória dos preços – se eles, portanto, estão em queda (ou pelo menos dentro da meta fixada pelo governo para o ano), abre-se caminho para a Selic cair.

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