- Crescimento do turismo dependerá de políticas públicas estruturais

Agência Minas de Fato
14/4/2006

As belezas naturais são as principais atrações turísticas do Brasil. No entanto, elas precisam estar atreladas a uma série de planos estruturais para garantir o crescimento do setor. Sinalização turística, segurança pública, limpeza pública e transporte público são algumas áreas deficientes, citadas pelos turistas que vêm ao Brasil a passeio e a negócio. Segundo a pesquisa do Conselho Mundial de Viagem e Turismo, o Brasil ocupa o 110.º lugar no ranking de uma lista de 174 países com expectativa de crescimento do turismo. O lazer se destaca, com 53,9% dos turistas estrangeiros no país. No entanto, reclamações freqüentes revelam deficiência nas ações dos poderes públicos – municipal, estadual e federal.

Um avanço para o setor no Brasil foi o desmembramento, em 2003, do Ministério dos Esportes do Ministério do Turismo (MTur). O país deve se preparar para criar soluções e aperfeiçoar as políticas voltadas para o turismo, já que pesquisa aponta uma média de crescimento de 4,3% para o turismo brasileiro até o ano de 2016. A independência do Ministério do Turismo garantirá maior atenção ao setor, que requer políticas públicas próprias. A elaboração de um Plano Nacional do Turismo, destinado a orientar o governo, a cadeia produtiva e a sociedade, está possibilitando maior eficiência das políticas públicas voltadas ao turismo. Algumas iniciativas estão sendo tomadas para dimensionar exatamente o impacto do turismo no país. O convênio do Ministério com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que prevê a implantação de um sistema de informações sobre o mercado de trabalho no turismo, é uma dessas iniciativas.

Se, por exemplo, o governo conseguisse elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro em 1%, o país teria um incremento de 5,6% na receita com a recepção de turistas estrangeiros. Sem levar em conta que uma melhora no IDH reflete também em avanços na saúde, na educação e na economia, fatores que ajudam a construir uma imagem melhor do país lá fora e atrair mais turistas. Um das criações do Plano é o Movimento Brasil de Turismo e Cultura, uma associação entre ONGs, governos e entidades, que estimula o desenvolvimento local sustentável por meio da valorização da diversidade cultural. O movimento atua, hoje, em 11 cidades, entre elas Diamantina, em Minas Gerais, Penedo, em Alagoas, e Aracati, no Ceará.

Outra criação do Plano é a Caravana Brasil, que leva profissionais de turismo a locais pouco conhecidos. São locais como Belém, Santarém e a vila Alter do Chão, às margens do rio Tapajós, no Pará. Locais pouco conhecidos, porém com possibilidades e alternativas para o turismo.

A Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) transferiu também parte de suas atribuições para o Mtur. As atribuições do controle do parque hoteleiro e a fiscalização das agências de viagem passam a ser administradas pelo Ministério. A Embratur passou agora a se dedicar à divulgação do Brasil no exterior. Houve a elaboração de um projeto de marketing internacional, denominado "Plano Aquarela", que prospecta os interesses de possíveis clientes e disponibiliza informações que atendam a suas necessidades.

O turismo brasileiro vem obtendo crescimentos e já ocupa o quinto lugar no ranking das exportações brasileiras de serviços. O turismo de estrangeiros é computado como exportação e colabora para a obtenção de uma balança comercial positiva. De acordo com dados do Banco Central, divulgados pela Embratur em 2005, o número de desembarques de vôos nacionais cresceu 17,95%. Somente no ano passado, os turistas estrangeiros deixaram quase US$ 4 bilhões no país, o valor é 20% maior do que em 2004. O de desembarques internacionais alcançou 10,5% e os turistas estrangeiros deixaram 3,861 bilhões de dólares em terras brasileiras - 19,8% mais que em 2004. Foi o melhor ano da história do turismo no país. Os 52 setores da economia ligados a essa área movimentaram 38 bilhões de dólares. Estimativas do Ministério do Trabalho e Emprego calculam que foram criados 250 mil empregos - 19% mais do que o registrado no ano anterior. No planeta, o setor movimenta 3,5 trilhões de dólares e é responsável pelo emprego de cerca de 180 milhões de pessoas.

Outro dado que destaca o turismo no Brasil é que a International Congress and Convention Association (Icca) – rede internacional de serviços que presta assessoria aos organizadores de congressos, convenções e todo tipo de reunião de trabalho ou lazer promovido por empresas – colocou o Brasil na 14.ª colocação num ranking global dos países que atraem o turismo de negócios, e prova disto é que em 2005 o Brasil atraíu 147 eventos.

Precisa melhorar
As reclamações mais freqüentes dos turistas, em 2003, revelam problemas que envolvem desde falta de ações dos poderes públicos – municipal, estadual e federal – até questões de infra-estrutura e de imprensa. No topo da lista, está a sinalização turística, com 10,3% das reclamações. Em segundo lugar, está a limpeza pública, com 10,1%. A segurança pública vem em terceiro colocação com 9,3%. Problemas relacionados à comunicação, como mídia e informações, vem em quarto lugar com 8,6%. Em quinto lugar, o transporte público fica com 7,9%; em seguida vem o táxi (5%) e as diversões noturnas (3,4%). A segurança pública atrelada à comunicação causam um problema ainda maior ao país. A mídia tem apontado a falta de segurança como o ponto mais importante a ser combatido, além da exploração sexual, embora estime-se que somente 1% dos turistas venham para o Brasil com tal finaldiade. E para aqueles que vêm para usufruir da exploração sexual, o governo tem realizado ações repressivas constantes.

Dados: Pnud-Ipea.


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